quinta-feira, 31 de março de 2011

Aquecimento Global



Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos pólos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano.


Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. O desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.


Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.




Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte.  Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras.


A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção.


O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera.


O aquecimento global não será contido apenas com a publicação dos relatórios do IPCC. Nem com sua conclusão de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases. Apesar de serem bons pontos de partida para balizar as ações, os documentos não têm o poder de obrigar uma ou outra nação a tomar providências. Para a obtenção de resultados significativos, o esforço de redução da poluição precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kioto, ao qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados diante das tentativas de conter o aquecimento global.




1 Existe alguma dúvida científica incontestável de que o planeta está se aquecendo? Não. Nem os cientistas mais céticos colocam esse fato em dúvida. Nos últimos 100 anos, a temperatura média mundial subiu 0,75 grau Celsius. Também não existe contestação séria ao fato de que isso vem ocorrendo em um ritmo muito elevado. Entre 1910 e 1940 (portanto, em trinta anos), a temperatura média do planeta se elevou 0,35 grau. Entre 1970 e hoje (38 anos), subiu 0,55 grau. Nos últimos doze anos o planeta experimentou onze recordes consecutivos de altas temperaturas.
2 Além das medições, existem outras evidências irrefutáveis do aquecimento? O derretimento do gelo especialmente na calota norte, o Ártico, que vem perdendo área a cada verão, é uma forte evidência. Na calota sul, a Antártica, as perdas são menores e há até aumento da massa total de gelo mesmo com diminuição da área. Paradoxo? Não. Esse aumento é atribuído ao aquecimento global, que elevou a umidade na região, em geral mais seca do que o Deserto do Saara. Com mais chuvas, forma-se mais gelo.
3 Os cientistas dispõem de instrumentos confiáveis para avaliar as mudanças climáticas? Os sinais do aquecimento global não são produto de modelos de computador, mas de medições por instrumentos precisos. Entre as mais concretas estão as medições feitas por satélites e por sondas flutuantes nos oceanos, que fornecem dados em tempo real, segundo a segundo. São consideradas também as medições menos diretas, como a que detecta a espessura e a extensão do chamado "permafrost", o terreno eternamente congelado no Círculo Polar Ártico. Até as flutuações de cores nas auroras boreais fornecem dados sobre a temperatura da Terra. O interessante é que todas as medições, diretas e indiretas, apontam para o aquecimento, sem discrepâncias.
4 A temperatura da Terra tem ciclos naturais de aquecimento e resfriamento. Por que o aquecimento verificado agora não é natural? Há menos de quarenta anos, na década de 70, alguns cientistas chegaram a prever que o planeta estava entrando em uma nova era glacial, tamanha a agressividade dos invernos no Hemisfério Norte. Essa previsão não pode ser comparada à previsão de aquecimento de agora. Nunca houve consenso sobre a iminência de uma nova era glacial, tratava-se de pura especulação. Agora existe um consenso mundial entre os cientistas de todas as tendências de que o planeta está se aquecendo. Menos consensual, mas majoritária, é a noção de que o aquecimento é causado pelo atual estágio civilizatório humano, em especial as atividades industrial e de consumo.
5 Por quais períodos de aquecimento a Terra já passou? Nos últimos 650 000 anos foram identificados pelo menos quatro. O primeiro há 410 000 anos, o segundo há 320 000, o terceiro há 220.000 e o quarto há 110 000. Em todos esses casos, mesmo sem intervenção humana, houve aumento da concentração de gases que capturam o calor e acentuam o chamado efeito estufa. A fonte mais provável desses gases foram as grandes erupções vulcânicas.
6 Se a meteorologia não consegue afirmar com 100% de certeza se vai fazer sol no fim de semana, como ela pode prever o que vai acontecer daqui a cinqüenta ou 100 anos? Saber se vai dar praia ou não é mesmo mais complexo do que fazer um modelo confiável de longo prazo. A modelagem climática lida com tendências e faz afirmações gerais sobre mudanças mínimas na temperatura global. Já a meteorologia imediata trabalha sobre o microclima e sua interação com outros eventos climáticos mais gerais. Essas interações são, por definição, caóticas.
7 As estimativas de que a temperatura média do planeta subirá até 4 graus até 2100 são confiáveis? Esse é o cenário mais pessimista projetado pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que reúne as maiores autoridades do mundo nesse ramo da pesquisa. É um cenário catastrófico, mas ele só ocorrerá, na avaliação dos cientistas, se nada for feito. A projeção mais otimista dá conta de que o aumento projetado seria de 1,8 grau. Isso exigiria um corte de até 70% nas emissões de gases até o ano 2050.
8 Em que pontos os cientistas divergem? Todos concordam que o mundo está mesmo se aquecendo. As principais divergências são sobre a extensão da influência humana e, em especial, sobre se vale a pena ainda buscar a qualquer custo a redução drástica das emissões de gases do efeito estufa. Quem discorda dessa linha sugere que todo o esforço científico e financeiro dos países seja colocado no desenvolvimento de tecnologias que permitam à civilização conviver com os efeitos de um planeta mais quente.
9 Quando o aquecimento passou a acontecer com mais intensidade? O acúmulo de gases começou com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII. O aquecimento é diretamente proporcional à atividade industrial. Portanto, quanto mais intensa ela for, mais dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso (N2O) serão lançados na atmosfera. Os problemas começaram a se manifestar agora porque esses gases tendem a se acumular.
10 Quanto a temperatura global já subiu? Durante o século XX, a temperatura média global subiu cerca de 0,75 grau.
11 O ex-vice-presidente americano Al Gore ganhou o Oscar e o Nobel da Paz por seu filme em que mostra conseqüências trágicas do aquecimento. Todas as suas previsões estão corretas? Al Gore optou por mostrar as conseqüências esperadas para os piores cenários. Fez um filme de propaganda, e não um documentário científico. Um exemplo: ele ressalta a previsão de que o nível do mar subirá 6 metros até 2100. O IPCC falava em um aumento máximo de 60 centímetros. Gore, o catastrofista, exagerou feio. A favor dele, diga-se que as previsões têm sido recalibradas para cima. Os mesmos cientistas do IPCC consideram agora que se pode chegar a 1,2 metro de elevação do nível do mar em 2100.
12 O aquecimento global é provocado pela ação humana? Como se viu, a Terra já experimentou ciclos de aquecimento muito antes de o homem fazer sua primeira fogueira. O que parece claro, agora, é que a atividade humana está contribuindo para o aumento no ritmo da elevação da temperatura média global. Isso se dá pela emissão principalmente de CO2, o que dificulta a dissipação do calor para o espaço. Atualmente, a atividade humana produz mais CO2 do que a natureza. Antes da Revolução Industrial, as emissões de origem humana somavam 290 ppm (partes por milhão) de CO2. Agora chegam a 380 ppm. Uma das principais razões é a ineficiência energética. Para se ter uma idéia, uma única lâmpada, ao final de sua vida útil, terá consumido em eletricidade o equivalente a 250 quilos de carvão (cálculo, claro, válido para os países que geram energia elétrica com carvão mineral).
13 Por que a emissão de CO2 aumenta a temperatura? O aumento da concentração de gases cria uma barreira na atmosfera. Ela impede que o calor do sol, quando refletido pela Terra, se dissipe no espaço. O calor fica retido entre a superfície do planeta e a camada de gases. Daí o nome efeito estufa. O CO2 é o principal vilão porque sua presença é predominante. Equivale a 70% da concentração desses gases.
14 Que outros fatores podem concorrer para o aumento da concentração de gases do efeito estufa? Além da atividade humana, fatores naturais contribuem para as alterações climáticas: o processo de decomposição natural de florestas, o aumento na atividade solar e as erupções vulcânicas. Mas nenhum desses fatores produziu transformações com a velocidade que a atividade humana vem provocando.
15 Qual o principal agente da emissão de CO2? A queima de combustíveis fósseis. Ela é responsável por cerca de 80% das emissões globais desse gás, o que coloca o mundo numa espécie de sinuca de bico. Não há desenvolvimento sem consumo de energia, e a energia disponível em larga escala depende de carvão, petróleo e gás natural. A principal razão é que os combustíveis fósseis, quando queimados, emitem, em forma de gás, o carbono que ficava armazenado no subsolo. Isso aumenta a concentração na atmosfera.
16 Qual o peso do desmatamento e das queimadas nesse fenômeno? Cerca de 18% das emissões de CO2 são originadas de queimadas.
17 Qual a parcela de responsabilidade dos países emergentes no aquecimento global? Quando se analisa historicamente, a parcela de culpa desses países é pequena. A questão é como eles vão se comportar daqui em diante. Como são muito populosos e têm grande potencial de crescimento econômico, podem se tornar os grandes vilões do futuro.
18 Qual a participação do Brasil, em especial? A maior preocupação em relação ao Brasil é quanto às queimadas e aos desmatamentos. Esses dois fatores respondem por 75% das emissões de CO2 no país. Se forem consideradas apenas as emissões de CO2 decorrentes da queima de combustíveis fósseis, o Brasil é o 16º maior poluidor do mundo. Mas, se for levada em conta a devastação ambiental, o país salta para a quarta posição.
19 É razoável esperar que os países emergentes reduzam sua taxa de crescimento para não contribuir ainda mais para o aquecimento global? É uma resposta difícil. Agora que o Hemisfério Sul começou a crescer e proporcionar melhores condições de vida a sua população surge a questão da sustentabilidade – que não existia quando os atuais países ricos se industrializaram. O melhor que as nações ricas podem fazer é ajudar as emergentes a ter acesso mais rápido a tecnologias limpas.
20 O ritmo de crescimento da temperatura dá sinais de estar arrefecendo? Não. Tudo indica que ele está sendo mantido e continuará assim.
21 Por que acreditar que esse ritmo será mantido? O aquecimento que se observa hoje é uma soma das ações do passado com as ações presentes. Não há, a médio prazo, nenhuma alternativa energética com potencial de substituir os combustíveis fósseis em larga escala. Para mudar radicalmente as emissões, seriam necessárias intervenções muito profundas, que dificilmente seriam feitas de uma hora para outra. O ritmo de implementação das ações previstas no Tratado de Kioto – principal instrumento dos países e das organizações multilaterais para a redução das emissões de gases do efeito estufa – está sendo mais lento do que se esperava. O tratado é até agora um fracasso. Os países não-signatários de Kioto aumentaram suas emissões em ritmo menor do que os que assinaram o documento.
22 Até que temperatura a vida na Terra é viável? A experiência em regiões desérticas e tropicais mostra que a vida humana em sociedade é possível à temperatura constante de 45 graus. Isso não significa que a vida seria tolerável se todo o planeta atingisse esse pico de temperatura. O desarranjo obrigaria a humanidade a buscar novas estratégias de sobrevivência. Por outro lado, nem o mais pessimista dos cientistas acredita que o aquecimento global ofereceria risco de sobrevivência para toda a raça humana.
23 Há o risco de morrer gente? Sim. Muitos cientistas acreditam que a onda de calor que matou mais de 30 000 pessoas na Europa durante o verão de 2003 já seja reflexo do aquecimento global. Se essas ondas se tornarem mais freqüentes, farão mais vítimas, principalmente entre os mais pobres (que não têm alternativas de proteção) e os mais indefesos, caso de crianças e idosos.
24 Quais as conseqüências previsíveis para o Brasil? A mais grave seria a mudança de vegetação em metade da Amazônia, que se tornaria uma espécie de savana ou cerrado, já a partir de 2050. Isso porque a temperatura na região subiria pelo menos 3 graus. Com a temperatura média do país, que hoje é de 25 graus, passando aos 29 graus, milhares de famílias teriam de deixar o sertão nordestino em busca de regiões de clima mais ameno. O nível do mar também subiria nas cidades litorâneas, como Recife e Rio de Janeiro.
25 Há risco de aumento de doenças como malária, febre amarela ou dengue, por exemplo? Esse é um ponto controverso. Os que discordam são em número muito maior do que os que concordam. A exceção são aquelas doenças em que a relação é direta, caso da dengue, cujo mosquito transmissor se reproduz em maior escala no calor.
26 As geleiras vão derreter completamente? Não vão. A previsão mais pessimista indica que 2% de todas as geleiras derreterão até 2100. Esse derretimento é que levará ao aumento de 1,2 metro no nível do mar.
27 Quais os riscos de faltar água? A água potável vai acabar? Os rios vão secar? É possível dizer também que o sertão nordestino vai se desertificar? A disponibilidade hídrica do planeta não mudará. A distribuição das chuvas pelo globo é que será alterada. Aumentará a disponibilidade de água em alguns lugares, principalmente nas latitudes médias e nas regiões tropicais úmidas. Quanto às regiões equatoriais, existe muita incerteza. Mas pode-se dizer que haverá mais seca nas regiões áridas e semi-áridas. O fim da água potável pode ocorrer, mas não somente por causa do aquecimento. Está relacionado também à poluição provocada pelo homem e ao aumento de demanda por água, principalmente para a agricultura irrigada.
28 Que outros impactos poderiam ocorrer no dia-a-dia das pessoas? As chuvas seriam muito mais intensas, e isso afetaria todas as regiões. Espera-se que haja um maior número de noites quentes e ondas de calor, mas também invernos mais rigorosos. A temperatura variaria em extremos. Se for mantido o atual ritmo de emissões – e levando-se em conta as projeções de crescimento econômico, populacional etc. –, haverá elevação do nível do mar, redução de florestas, enchentes nas regiões mais úmidas, secas mais severas nas regiões de clima árido e semi-árido.
29 A disponibilidade de alimentos estará comprometida? Depende do aumento da temperatura. Se a elevação for de 2 graus (no máximo), poderá haver aumento da área plantada, incorporando-se vastas áreas do Canadá e da Sibéria à produção mundial. Se a temperatura subir além disso, 4 graus ou mais, toda a agricultura mundial será prejudicada. Outro problema é a mudança das chuvas, que pode provocar secas mais severas na África e no sul da Ásia.
30 Pode-se esperar que o aquecimento inviabilize a vida em algumas regiões do planeta, provocando migrações populacionais em massa? Mais uma vez depende de quanto a temperatura vai aumentar. No pior cenário, haverá migração em massa de populações pobres, da ordem de dezenas de milhões de pessoas, em razão da falta de água para beber e para a agricultura. No sudeste da Ásia também podem ocorrer fugas em massa, mas por causa de inundações.
31 A elevação do nível do mar poderá engolir partes inteiras do litoral dos países? Caso se confirme a elevação do nível da água do mar entre 30 e 60 centímetros, os efeitos serão reduzidos. Mas a aceleração do degelo na Groenlândia e na Antártica Ocidental obrigou os cientistas a rever suas previsões. Um exemplo: a Holanda tem mais de 40% de seu território abaixo do nível do mar. Se a elevação da água for pequena, será possível contornar o problema com a construção de diques. Mas, se chegar ao limite máximo imaginado pelos cientistas, o país poderá perder uma parte enorme de seu território. Durante o século XX, o aumento do nível do mar na costa brasileira foi de 20 centímetros. A média global foi de 17 centímetros.
32 O aquecimento global será a principal causa de extinção de espécies? Sim. Já neste século e no próximo, o aquecimento vai superar os dois grandes vilões atuais, que são a caça predatória e a fragmentação de hábitats.
33 Já há alguma espécie ameaçada por esse motivo? Pelo menos 74 espécies de sapo desapareceram nas montanhas da América Central devido ao aumento de 1 grau na temperatura média. Isso mudou o microclima e fez com que um fungo da pele dos sapos se desenvolvesse descontroladamente. Os anfíbios de todo o planeta também correm perigo.
34 Pode-se esperar algum benefício do aquecimento ou apenas tragédia? Os impactos são principalmente negativos, pois perturbam um sistema já equilibrado. Mas há alguns positivos, sim, como o incremento à agricultura em lugares hoje muito frios e a diminuição, na média mundial, na freqüência de noites muito frias, o que trará benefícios à saúde humana.
35 O mundo não tem problemas que exigem enfrentamento mais urgente do que o aquecimento global? A fome, a falta d’água e as doenças matam mais gente hoje. Mas o mundo não pode se dar ao luxo de ignorar o aquecimento global. Isso porque, além de efeitos desastrosos, tudo o que se fizer agora só terá resultado décadas à frente. Além disso, para muitos dos problemas atuais há soluções tecnológicas iminentes. O buraco na camada de ozônio é um exemplo. Ele se fechará num futuro próximo, graças a ações já empreendidas. No caso do aquecimento, se o mundo parar de emitir gases de efeito estufa hoje, o problema ainda levará séculos para ser resolvido. Alguns limites já foram até ultrapassados. O melhor exemplo é o gelo ártico. Em 2050, ele poderá desaparecer totalmente durante o verão. Não há mais o que fazer. Não se pode esperar mais cinco ou dez anos para começar a agir vigorosamente.
36 Quanto será necessário investir na suavização dos efeitos da mudança climática? Num primeiro cálculo, estimou-se que seriam necessários 150 bilhões de dólares anuais para cumprir as metas do Protocolo de Kioto. Mas é possível que a conta seja menor, dados o avanço tecnológico e os ganhos em eficiência energética. Um exemplo são os combustíveis fósseis, os que mais emitem gases do efeito estufa. Já existem hoje tecnologias capazes de reduzir em 20% as emissões. Há outros exemplos mais simples. Os sistemas de iluminação com LED, diodos de efeito luminoso, têm eficiência quase vinte vezes superior à das lâmpadas de bulbo.

Deu na Mídia - Microalgas alimentam-se de CO2 para produzir biopetróleo

Uma grande quantidade de tubos de oito metros de altura, perto de Alicante, no leste da Espanha, macera o que pode ser o combustível do amanhã: biopetróleo produzido com as microalgas que se alimentam do anídrido carbônico lançado por uma fábrica vizinha.
Cerca de 400 tubos de cor verde escura nos quais crescem milhões de microalgas estão localizados em uma planície dessa região do leste da Espanha, perto de um cemitério, que expele CO2, um gás que é capturado e levado por meio de tubulações até a pequena fábrica de biopetróleo.
Pesquisadores franceses e espanhóis da pequena empresa Bio Fuel Systems (BFS) desenvolvem há cinco anos este projeto, ainda experimental.
Em um momento em que os industriais buscam soluções criativas como alternativas para o petróleo, a ideia é reproduzir e acelerar um processo que durou milhões de anos e permitiu a produção de petróleo fóssil.
"Tentamos simular as condições que havia há milhões de anos, quando o fitoplâncton transformou-se em petróleo. Dessa forma, obtivemos um petróleo equivalente ao petróleo atual", explica o engenheiro Eloy Chapuli.
As microalgas, procedentes de uma dezena de cepas mantidas em segredo, foram recolhidas do mar Mediterrâneo e do Oceano Atlântico.
Nos tubos, reproduzem-se em grande velocidade, desdobrando-se diariamente por fotossíntese e graças ao CO2 emitido pelo cemitério.
Todos os dias, uma parte desse líquido muito concentrado é extraída e filtrada, permitindo a obtenção de uma biomassa que produzirá petróleo. A água restante volta a ser introduzida nos tubos.
Para seus inventores, a outra grande vantagem desse sistema é que ajuda a acabar com a contaminação: absorve CO2 que, de outra forma acabaria na atmosfera.
"É um petróleo ecológico", assegura o presidente e fundador da BFS, o engenheiro francês Bernard Stroïazzo-Mougin, que trabalhou em campos petrolíferos no Oriente Médio antes de se instalar na Espanha.
A fábrica de Alicante ainda tem mais de laboratório do que de fábrica. "Ainda precisaremos de cinco a 10 anos mais para passar a uma produção industrial", assegura Stroïazzo-Mougin, que espera poder desenvolver no curto prazo um primeiro projeto em grande escala no sul da Espanha e outro na ilha portuguesa de Madeira.
"Uma unidade de cerca de 50 km por 50 km, o que não é algo muito grande nas zonas desérticas do sul da Espanha, poderia produzir em torno de 1,25 milhões de barris diários", ou seja, quase tanto como as exportações cotidianas de petróleo iraquiano, afirma o engenheiro.
A BFS, uma empresa de capital privado, busca agora negociar com "vários países para que patrocinem a instalação de campos petrolíferos artificiais", explica seu presidente.
A empresa assegura que poderá vender seus barris a um preço competitivo, apoiando-se na venda de produtos derivados, como ácidos graxos do tipo Omega 3 obtidos a partir da biomassa.
Outros projetos semelhantes estão sendo estudados em outras regiões do mundo.
Na Alemanha, o grupo estatal sueco de energia Vattenfall lançou em 2010 um projeto de absorção por meio de algas do dióxido de carbono emitido pelas centrais que funcionam com carvão.
O gigante americano do petróleo ExxonMobil previu um investimento de até 600 milhões de dólares em pesquisas destinadas a produzir petróleo a partir de algas.
Os industriais, particularmente no âmbito aeronáutico, estão interessados nessas pesquisas, nas quais esperam encontrar soluções para substituir o petróleo clássico, cada vez mais escasso e cujos preços são variáveis.


Vi aqui: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/afp/2011/03/30/microalgas-alimentam-se-de-co2-para-produzir-biopetroleo.jhtm

sábado, 26 de março de 2011

Aquífero Guarani



Antes de mais nada, vamos entender o que é um aquífero.

Aquífero é uma formação geológica subterrânea que funciona como reservatório de água, sendo alimentado pelas chuvas que se infiltram no subsolo. São rochas com características porosas e permeáveis capazes de reter e ceder água. Fornece água para poços e nascentes em proporções suficientes, servindo como proveitosas fontes de abastecimento.
Uma formação geológica para ser considerado um aquífero deve conter espaços abertos ou poros repletos de água e permitir que a água tenha mobilidade através deles.



No Brasil, localiza-se a maior reserva subterrânea de água doce do mundo, chamada Aquífero Guarani.

O aqüífero Guarani é o principal manancial de água doce da América do Sul, formado entre 200 milhões e 132 milhões de anos atrás, nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior . Imagine só: oito estados brasileiros, mais o Norte da Argentina e do Uruguai, e parte do Paraguai se assentam sobre esse oceano de água doce, numa área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados - o que faz dele o maior reservatório de água subterrânea transnacional do mundo.

E a maior parte dele fica em território brasileiro - são dois terços da área total, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Só em um desses estados, São Paulo, o Guarani é explorado em mais de mil poços - e a maioria deles fica numa área de recarga do aqüífero, isto é, na região de 17 mil quilômetros quadrados em que ele se recarrega com a infiltração das águas das chuvas.

 Para se ter uma idéia das águas subterrâneas, elas correspondem a 97% de toda água doce líquida do mundo e apresentam alto grau de pureza visto que as rochas e o solo que as recobrem normalmente agem como filtros.

No entanto, se essas águas forem contaminadas o prejuízo é incalculável. Pequenas quantidades de poluentes são capazes de contaminar milhões de litros d’água. Normalmente elas são contaminada por práticas agrícolas e industriais. As primeiras o contaminam lançando no solo grande quantidade de compostos como os nitratos, dentre outros fertilizantes. As indústrias podem lançar metais pesados (chumbo, cádmio, etc.). Há, também, os problemas de fossas e latrinas, dentre outros.

A extração de água de um aquífero deve ser feita com muita cautela e depois de se realizar muitos estudos. A retirada de água maior que a capacidade de recarga causa rebaixamento do nível de saturação, problemas como a subsidência (afundamento) e o risco de o solo ceder em ambientes cárticos já causaram vários inconvenientes.



O maior problema quem vem abalando o Aquífero Guarani é a instalação de indústrias e agroindústrias, práticas agrícolas equivocadas e sem estudo prévio; dentre outras, principalmente em áreas de recarga. As autoridades competentes devem julgar a viabilidade de projetos que possuem potencial de contaminar as águas subterrâneas. De forma a não permitir que o fator econômico fale mais alto que o ambiental. Uma satisfação econômica não pode prescindir a conservação do recurso mais fundamental para a vida – a água.

http://wwwblogdoprofalexandre.blogspot.com/
http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u60.jhtm
http://www.infoescola.com/hidrografia/aquifero/

quinta-feira, 24 de março de 2011

Educação Ambiental no Brasil - Uma longa história

Acontecimentos no Brasil 
Século XIX
1808 - Criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro
1850 - Lei 601 de Dom Pedro II proibindo a exploração florestal nas terras descobertas, a lei foi ignorada, continuando o desmatamento para implantação da monocultura de café.
1876 - André Rebouçãs sugere a criação de parques nacionais na Ilha de Bananal e em Sete Quedas.
1891 - Decreto 8.843 cria reserva florestal em Acre, que não foi implantada ainda.
1896 - Foi criado o primeiro parque estadual em São Pablo. Parque da Cidade.

Século XX
1920 - O pau brasil é considerado extinto
1932 - Realiza-se no Museu Nacional a primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza
1934 - Decreto 23793 transforma em Lei o Anteprojeto de Código Forestal
1937 - Cria-se o Parque Nacional de Itatiaia
1939 - Cria-se o Parque Nacional do Iguaçu

Anos 60
1961 - Jânio Quadros, declara o pau brasil como árvore símbolo nacional, e o ipê como a flor símbolo nacional

Anos 70
1971 - Cria-se em Rio Grande do Sul a associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural . AGAPAN
1972 - A Delegação Brasileira na Conferência de Estocolmo declara que o pais está “aberto a poluição, porque o que se precisa é dólares, desenvolvimento e empregos” . Apesar disto, contraditoriamente o Brasil lidera os países do Terceiro Mundo para não aceitar a Teoria do Crescimento Zero proposta pelo Clube de Roma
1972 - A Universidade Federal de Pernambuco inicia uma campanha de reintrodução do pau brasil considerado extinto em 1920.
1973 - Cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente, SEMA, no âmbito do Ministério do Interior, que entre outras atividades, começa a fazer Educação Ambiental
1976 - A SEMA e a Fundação Educacional do Distrito Federal e a Universidade de Brasília realizam o primeiro curso de Extensão para professores do 1o Grau em Ecologia .
1977 - Implantação do Projeto de Educação Ambiental em Ceilândia. (1977 - 81).
1977 - SEMA constitui um grupo de trabalho para elaboração de um documento de Educação Ambiental para definir seu papel no contexto brasileiro.
1977 - Seminários Encontros e debates preparatórios à Conferência de Tbilisi são realizados pela FEEMA-RJ
1977 - A disciplina Ciências Ambientais passa a ser obrigatória nos cursos de Engenharia.
1978 - A Secretaria de Educação de Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto Natureza (1978 - 85)
1978 - Criação de cursos voltados para as questões ambientais em varias universidades brasileiras.
1978 - Nos cursos de Engenharia Sanitária inserem-se as disciplinas de Saneamento Básico e Saneamento Ambiental
1979 - O MEC e a CETESB/ SP, publicam o documento “Ecologia uma Proposta para o Ensino de 1o e 2o Graus.

Anos 80
1981 - Lei Nr. 6938 do 31 de Agosto, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Presidente Figueiredo)
1984 - Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), apresenta umaresolução estabelecendo diretrizes para a Educação Ambiental, que não é tratada.
1986 - A SEMA junto com a Universidade Nacional de Brasília, organiza o primeiro Curso de Especialização em Educação Ambiental . (1986 a 1988)
1986 - I Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente
1986 - Seminário Internacional de Desenvolvimento Sustentado e Conservação de Regiões Estuarino – Lacunares (Manguezais) São Paulo
1987 - O MEC aprova o Parecer 226/87 do conselheiro Arnaldo Niskier, em relação a necessidade de inclusão da Educação Ambiental nos currículos escolares de 1o e 2o Graus
1987 - Paulo Nogueira Neto representa ao Brasil na Comissão Brundtland
1987 - II Seminário Universidade e Meio Ambiente, Belém, Pará.
1988 - A Constituição Brasileira, de 1988, em Art. 225, no Capítulo VI - Do Meio Ambiente, Inciso VI, destaca a necessidade de ‘’promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente’’. Para cumprimento dos preceitos constitucionais, leis federais, decretos, constituições estaduais, e leis municipais determinam a obrigatoriedade da Educação Ambiental.
1988 - Fundação Getúlio Vargas traduz e publica o Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum.
1988 - A Secretaria de Estado do Meio Ambiente de SP e a CETESB , publicam a edição piloto do livro “Educação Ambiental” Guia para professores de 1o e 2o Graus.
1989 - Criação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), pela fusão da SEMA, SUDEPE, SUDEHVEA e IBDF. Nele funciona a Divisão de Educação Ambiental.
1989 - Programa de Educação Ambiental em Universidade Aberta da Fundação Demócrito Rocha, por meio de encartes nos jornais de Recife e Fortaleza.
1989 - Primeiro Encontro Nacional sobre Educação Ambiental no Ensino Formal. IBAMA/ UFRPE. Recife
1989 - Cria-se o Fundo Nacional de Meio Ambiente FNMA no Ministério do Meio Ambiente MMA.
1989 - III Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente. Cuiabá. MT

Anos 90
1990 - I Curso Latino-Americano de Especialização em Educação Ambiental . PNUMA/IBAMA/CNPq/CAPES/UFMT. CUIABÁ- MT (1990 a 1994)
1990 - IV Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, Florianópolis, SC.
1991 - MEC resolve que todos os currículos nos diversos níveis de ensino deverão contemplar conteúdos de Educação Ambiental (Portaria 678 (14/05/91).
1991 - Projeto de Informações sobre Educação Ambiental IBAMA/ MEC
1991 - Grupo de Trabalho para Educação Ambiental coordenado pelo MEC, preparatório para a Conferência do Rio 92.
1991 - Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para Educação Ambiental . MEC/ IBAMA/Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República/ UNESCO/ Embaixada do Canadá.
1992 - Criação dos Núcleos Estaduais de Educação Ambiental do IBAMA, NEA’s.
1992 - Participação das ONG’s do Brasil no Fórum de ONG’s e na redação do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis. Destaca-se o papel da Educação Ambiental na construção da Cidadania Ambiental.
1992 - O MEC promove no CIAC do Rio das Pedras em Jacarepagua Rio de Janeiro o Workshop sobre Educação Ambiental cujo resultado encontra-se na Carta Brasileira de Educação Ambiental, destacando a necessidade de capacitação de recursos humanos para EA
1993 - Uma Proposta Interdisciplinar de Educação Ambiental para Amazônia. IBAMA, Universidades e SEDUC’s da região, publicação de um Documento Metodológico e um de caráter temático com 10 temas ambientais da região.(1992 a 1994)
1993 - Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC, com a finalidade de criar e difundir metodologias em Educação Ambiental
1994 - Aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental , PRONEA, com a participação do MMA/IBAMA/MEC/MCT/MINC
1994 - Publicação da Agenda 21 feita por crianças e jovens em português. UNICEF.
1994 - 3º Fórum de Educação Ambiental
1995 - Todos os Projetos Ambientais e/ou de desenvolvimento sustentável devem incluir como componente atividades de Educação Ambiental .
1996 - Criação da Câmara Técnica de Educação Ambiental do CONAMA
1996 - Novos Parâmetros Curriculares do MEC, nos quais incluem a Educação Ambiental como tema transversal do currículo.
1996 - Cursos de Capacitação em Educação Ambiental para os técnicos das SEDUC’s e DEMEC’s nos Estados, para orientar a implantação dos Parâmetros Curriculares. Convênio UNESCO - MEC
1996 - Criação da Comissão Interministerial de EA. MMA
1997 - Criação da Comissão de Educação Ambiental do MMA
1997 - I Conferência Nacional de Educação Ambiental. Brasília. ICNEA
1997 - Cursos de Educação Ambiental organizados pelo MEC – Coordenação de Educação Ambiental, para as escolas Técnicas e Segunda etapa de capacitação das SEDUC’s e DEMEC’s. Convênio UNESCO – MEC
1997 - IV Fórum de Educação Ambiental e I Encontro da Rede de Educadores Ambientais. Vitoria
1997 - I Teleconferência Naciona de Educação Ambiental .Brasília, MEC
1998 - Publicação dos materiais surgidos da ICNEA
1999 - Criação da Diretoria de Educação Ambiental do MMA Gabinete do Ministro
1999 - Aprovação da LEI 9.597/99 que estabelece a Política Nacional de EA
1999 - Programa Nacional de Educação Ambiental
1999 - Criação dos Movimento dos Protetores da Vida Carta de Princípios Brasília DF
1999 - A Coordenação de EA do MEC passa a formar parte da Secretária de Ensino Fundamental - COEA
2000 - Seminário de Educação Ambiental organizado pela COEA/ MEC Brasília DF
2000 - Curso Básico de Educação Ambiental a Distancia DEA/ MMA UFSC/ LED/ LEA

Dia da Água


Nessa terça-feira, dia 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água, intituído pela ONU. Desde 1992, esse dia é destinado para diversas discussões sobre o tema.
Para quem não sabe, existe uma Declaração Universal dos Direitos da Água, publicado pela ONU no dia 22 de março de 1992.

Declaração Universal dos Direitos da Água
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em
água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
 



Estudiosos prevêem que em breve a água será causa principal de conflitos entre nações. Há sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Mas também os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, vêem algumas de suas cidades sofrerem falta de água. A distribuição desigual é causa maior de problemas. Entre os países, o Brasil é privilegiado com 12% da água doce superficial no mundo.
Outro foco de dificuldades é a distância entre fontes e centros consumidores. É o caso da Califórnia (EUA), que depende para abastecimento até de neve derretida no distante Colorado. E também é o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento (de 3,9% para 7,2%) e o desperdício ainda assusta: 45% de toda a água ofertada pelos sistemas públicos.

A falta d'água já afeta o Oriente Médio, China, Índia e o norte da África. Até o ano 2050, as previsões são sombrias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 50 países enfrentarão crise no abastecimento de água.
China - O suprimento de água está no limite. A demanda agroindustrial e a população de 1,2 bilhão de habitantes fazem com que milhões de chineses andem quilômetros por dia para conseguir água.
Índia - Com uma população de 1 bilhão de habitantes, o governo indiano enfrenta o dilema da água constatando oesgotamento hídrico de seu principal curso-d'água, o rio Ganges.
Oriente Médio - A região inclui países como Israel, Jordânia, Arábia Saudita e Kuwait. Estudos apontam que dentro de 40 anos só haverá água doce para consumo doméstico. Atividades agrícolas e industriais terão de fazer uso de esgoto tratado.
Norte da África - Nos próximos 30 anos, a quantidade de água disponível por pessoa estará reduzida em 80%. A região abrange países situados no deserto do Saara, como Argélia e Líbia

A quantidade de água doce no mundo estocada em rios e lagos, pronta para o consumo, é suficiente para atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do Planeta precisa. Apesar de parecer abundante, esse recurso é escasso: representa apenas 0,3% do total de água no Planeta. O restante dos 2,5% de água doce está nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas calotas polares, geleiras, neve permanente e outros reservatórios, como pântanos, por exemplo.

Se em termos globais a água doce é suficiente para todos, sua distribução é irregular no território. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países desenvolvidos.

A água é considerada potável quando pode ser consumida pelos seres humanos. Infelizmente, a maior parte da água dos continentes está contaminada e não pode ser ingerida diretamente. Limpar e tratar a água é um processo bastante caro e complexo, destinado a eliminar da água os agentes de contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornando-a potável. Em alguns países, as águas residuais, das indústrias ou das residências, são tratadas antes de serem escoadas para os rios e mares. Estas águas recebem o nome de depuradas e geralmente não são potáveis. A depuração da água pode ter apenas uma fase de eliminação das substâncias contaminadoras, caso retorne ao rio ou ao mar, ou pode ser seguida de uma fase de tratamento completa, caso se destine ao consumo humano.


Vamos conhecer mais sobre a água. Na imagem abaixo, vemos como funciona uma estação de tratamento de água:


Aqui, podemos entender melhor o ciclo da água.




Fontes:
http://www.jardimdeflores.com.br/ECOLOGIA/A27direitosdaagua.htm
http://www.socioambiental.org/esp/agua/pgn/
http://www.infoescola.com/geografia/ciclo-hidrologico-ciclo-da-agua/

Bem Vindos!

Sejam todos muito bem vindos ao blog ECOletando!

O ECOletando nasceu com o intuito de reunir notícias, informações e novidades sobre meio ambiente. Temos uma história brasileira de muita teimosia e total falta de respeito às leis ambientais. Já em 1850, foi instituída a Lei 601 de Dom Pedro II, que proibia a exploração florestal nas terras descobertas, mas a lei foi ignorada, continuando o desmatamento para implantação da monocultura de café. Hoje,  nosso código ambiental ainda contém diversas falhas, muitas vezes piorizando, hipocritamente, os interesses da produção rural.

E não paremos por aí. Os problemas envolvendo o meio ambiente são extensos, variados e cada vez mais frequentes. É o caso do tráfico de animais silvestres, uso exacerbado da água, desmatamento, mudanças climáticas, dentre muitos outros.

O ECOletando vem para trazer esses problemas à tona, acalentar novas discussões e oferecer um espaço livre e direto para as vozes que se levantam contra os abusos ambientais.